quinta-feira, 30 de julho de 2009

Uma vida de hotel

De olhos bem abertos:

A vida é como um hotel. Você chega alegre, eufórico. Olhando por todos os lados. Muitas cores, muito luxo (ou não), muita coisa diferente da qual nao se está acostumado a ver. Nao faz parte do seu dia-dia.

As pessoas sao estranhas, mas sao simpaticas, educadas, receptivas e bem humoradas. Seu quarto é o melhor e mesmo que seja dificil de se acostumar a ele, logo pega o jeito, haja vista que sua alegria é tamanha que lhe proporciona a adaptação imediata.

Um passeio aqui, um passeio ali, um banho na piscina, um café da manha de outro mundo, um "olá" desconhecido com sotaque diferente, uma outra lingua que nao a nacional... Tudo é diferente, distinto, mas tudo se completa.

Todos ali nao pertencem aquele lugar, mas craim forças juntos para se estabelecerem e permanecerem. A felicidade gratuita surgida da empolgação ajuda a aquilibrar.

Ate que as coisas se transformam. Aquele vizinho que todos os dias tomava banho de sol nao está mais ali. A menina com seu baldinho nao está correndo pelos corresdores, o senhor careca nao aparece no café da manha. Aqueles que passam a ser seu referencial de equilibrio nao se encontram mais ali. Entretanto, outros ocupam seus lugares. Quem os mandou em substituição?

A alegria começa a desaparecer e o novo começa a ficar estranho. As pessoas vao desaparecendo, sendo substituidas e você continua ali, sozinho vendo tudo se modificar e menos a sua estadia nao se modifica.

Os corredores começam a lhe sufocar, a piscina começa a ficar esverdeada, o azul do céu nao muda sua cor enebriante e cansativa. O que lhe era novo vira comum, vira cotidiano, vira o seu dia-dia. A monotonia da imperfeição.

Entao surge o momento em que você tem que ir embora, é a sua vez de mudar o cenario daquele grande hotel. Os que ali estavam quando você chegou não estão mais e somente resta você a deixar o local.

A nostalgia invade a sua porta e lhe provoca sensações terriveis. O fazer de malas lhe deixa triste. A saída do quarto lhe deixa uma lagrima. Tudo se transforma repetinamente. Mas você tem que partir para que outro ocupe o seu lugar. E, por fim, você desaparece aos olhares dos que ali ficaram e que tambem sentirão sua ausencia.

Será que a vida de hotel nao lembra muito a vida do ser humano? Nascimento-morte. Chegada e partida. Alegria e sofrimento. Novidades e rotinas. Nosso mundo é um pequeno hotel.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

De olhos bem fechado ha o escuro!

agora eu sei o q o fundo representa.
sei das mazelas escondidas por traz de tanta capa.
sei das angustias predominantes nas manhas e as torturantes na noite.
apenas um breu, sem luz, sem ar, sem nada.
um lugar escuro onde predomina e reina apenas o escuro.
um negro incomparavel. Digamos que seria uma queda no espaço. Sem chao, sem teto.
No fim surge um outro ser humano, cuja essencia me faz ver que nao estou sozinho.

Sei que nao sou daqui, sei que nao pertenço à este plano, à este mundo. Mas um turista veio me acompanhar e está aqui pra me dar forças. No fim percebo que nao pertenço a ninguem e ninguem me prende, a nao ser esse turista outro que me acompanha no escuro.

Espero que nao seja apenas um reflexo de mim. Mas tenho certeza que nao é.

Foi assim que despertei.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

1, 2 e 3: Morri!

Um sono pesado batia-lhe os olhos por de cima da mesa de estudos. A cabeça guinou para frente e sentiu um baque na orelha direita. A sua frente viu uma luz branca e fraca. Hipnotizante, dirigiu-se a ela. Longinqua luz o fez penetrar num tunel e desembocar nessa claridade onde tudo era vida. Tudo tao real, tudo tao verdadeiro.

Rostos conhecidos, pessoas de infancia, do passado e do presente. Do ontem e do agora. E na verdade, do de sempre.

Apenas um rosto lhe fez chorar. Um rosto eterno, puro, de luz, paixao e amor. De onde o tinha perdido? Por onde o tinha deixado fugir. Sua parte perdida estava ali. Em vida sabia que faltava, mas o desconhecia. A ausencia era sentida, mas assim como a dor, você se acostuma a viver sem.

Um abraço naquele ser e lhe fez recordar tudo. Todos os pontos, os detalhes de todas as suas vidas. Completavam-se como se fossem apenas um. Levou-o para fora e lhe mostrou o sol. Era indescritivel. Uma bola amarela cheia de luz, mas nao afuscava os olhos. Um por-do-sol perfeito olhando diretamente para a bola de fogo. Do outro lado a lua suave no ceu azul escuro. Um brilho intenso em sua ponta direita inferior a deixava linda, magnfica.

Por que tudo era lindo? Por que tudo se completava?
Aquele ser virou para ele e lhe disse:

- Sua mae, logo virá para cá! Você tem q decidir: quer ficar ou quer ir?
Ele queria ficar. Nada mais importava.
Mas logo lembrou-se de sua mae. Como ela estaria? Sofrendo pela sua partida. Deveria ve-la antes de partir de vez.

- Preciso voltar.

Um empuxo subito lhe espurgou daquele lugar e todas as dores voltaram. Viu apenas o ventilador girar ao lado da sua cama!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

De cara com a prece.

Era tudo sem foco. Nao conseguia distinguir ao certo nada do que vislumbrava.
Era uma sala grande, com mesas de estudo cumpridas de madeira com aparelhos eletronicos em cima como se fossem computadores.

Parecia de fato uma sala de computação de uma faculdade.

Na tela conseguia ver o planeta Terra em movimentos circulares bem lentos e por traz o forte sol a brilhar. Como em camera lenta, a imagem foi edentrando no globo mostrando o percurso que teria que fazer, ja que o momento estava proximo.

O local indicado pelo suposto computador era a orla de uma cidade. Nao sabia dizer qual era e nem onde ficava, ja que essa Terra nao era a que costumamos e ver nos filmes. O professor me chamou em voz alta:

- Está na hora. As mudanças têm que acontecer. Você está pronto?

Nao, ele nao estava pronto. Como iria conseguir detruir aquela cidade? Nao queria destrui-la. Mas teria. O professor disse no pé de seu ouvido:

- Nao tenha medo. Está tudo na maneira que deve estar. Reze se tiver medo, ou repita AMEM para você mesmo. AMEM significa "assim seja", mas se preferir, pode proferir o mantra OUMMMM que significa "assim seja".

Ele proferiu o OUMMM e tocou na tela do "computador" com seu dedo indicador nas aguas distantes daquela cidade. As aguas se perturbaram e formaram uma onda que foi se espalhando e atingiu algumas cidades costeiras e ilhas, mas nao atingiu a cidade indicada no mapa.

Percebeu que nao eram as aguas que iriam destruir a cidade, mas sim que a onda era apenas um pressagio da destruição. Na propria tela apareceram avioes de caça se dirigindo aquela cidade e a bombardeando sem piedade. As explosoes foram de tamanha magnitude que puderam ser vistas do espaço de um brliho muito forte.

O professor chegou ao lado dele e lhe disse:

- Nós nao controlamos as vontades do homem. Mas podemos controlar a natureza. Nao foi você quem destruiu a cidade, foram os proprios donos do planeta.

Sentiu uma tontura. No fundo sabia que aquele episodio para ele fora de poucos minutos, mas na Terra pasou-se alguns anos para que cada um dos acontecimentos se realizasse.

Ficou muito tonto. Levantou-se e apoiou-se na mesa.

- Professor!!! - gritou.

- Calma, disse o professor sereno. Sente-se que tudo vai ficar bem. Feche os olhos.

Os fechou e nao lembra mais de nada.